Empresa quer ser ‘maior empresa de softwares para a saúde do país’ em cinco anos e, com PEP e HIS, entra no mercado de sistemas de gestão
Já faz pouco mais de um ano: foi em novembro de 2013 que a Pixeon, desenvolvedora brasileira de sistemas para medicina diagnóstica e laboratorial, como PACS, RIS e LIS, anunciou um aporte de R$ 50 milhões do fundo Riverwood Capital, diluído em duas parcelas. À época, em entrevista ao Saúde Business 365, Roberto Ribeiro da Cruz, CEO da companhia, era bem claro ao afirmar que o aporte serviria a dois propósitos: aumentar o volume de vendas em 40% entre 2013 e 2014, expandindo presença no Brasil e na América Latina, e fazer mais parcerias e aquisições de companhias que já atendessem o setor de medicina diagnóstica.
É justamente neste segundo ponto que o anúncio feito nesta quarta-feira (17) se encontra. Com a compra da Medicware, empresa com sede em Salvador e provedora de HIS (Hospital Information System) e soluções de Prontuário Eletrônico (PEP), Gestão Clinica e de Laboratórios, a intenção da Pixeon é se tornar “a maior empresa de softwares para saúde do País em cinco anos”, conforme alardeia o próprio comunicado oficial do negócio. O valor do negócio não foi revelado.
Com a compra, a Pixeon se torna forte competidora no mercado de sistemas de gestão hospitalares (HIS), que reúne gigantes nacionais (MV Sistemas, Totvs) e multinacionais (Philips, Agfa, Cerner). Entre as instituições que participaram do estudo Referências da Saúde, da IT Mídia, 4,9% disseram utilizar sistemas da Medicware.
“A gente enxerga bastante oportunidade, até porque é um mercado muito grande e eles [competidores] estão focados em um nicho que, em um primeiro momento, não vai nos interessar”, explica Cruz. “Vamos focar em hospitais especializados. A gente acha que vai ter um diferencial de agilidade, e agora queremos focar na agilidade de entrega e desenvolvimento de produtos, o que para uma multinacional é mais complicado.”
Cruz, no entanto, é bastante lisonjeiro ao se referir à concorrência. “Temos dois grandes competidores, muito bons. Pra nós é muito bom ter competidores a altura, é bacana competir com eles.”
Expansão
Não é a primeira compra da Pixeon em 2014 – que praticamente efetivou a meta de aumentar as vendas em 40% e o faturamento em mais de 30%, apesar “de todas as nuances do mercado”. A catarinense Lablink, que atua no segmento de interfaceamento de equipamentos laboratoriais, foi adquirida em agosto. Com a Medicware, a Pixeon espera aprimorar o portfólio e ganhar mais presença física: são, no total, 400 funcionários espalhados em São Paulo, Florianópolis, Salvador, Recife e Belo Horizonte – além de distribuidores parceiros. Somadas, as operações da Pixeon e da Medicware chegam a 1.500 clientes no mercado nacional.
Cruz ressalta que a empresa já conta com uma rede de distribuidores bem estrutura, principalmente no Nordeste, com canais montados em Natal (RN), Recife (PE), interior da Bahia e Maceio (AL), e o desafio passa a ser construir canais em São Paulo, Paraná e Santa Catarina. “Segundo a Frost & Sullivan, entre 20 e 30% dos hospitais estão informatizadas. Eles são o nosso target, assim como o setor público, as UPAs [Unidades de Pronto Atendimento] têm demandado muito. Estamos bem posicionados para atendê-los”, pondera Cruz.
José Roque de Pinho, diretor de M&A da Pixeon, diz que a Medicware traz, além de forte presença nas regiões Norte e Nordeste, um produto de gestão hospitalar com propósitos “muito alinhados” com os da adquirente. Além disso, ao ingressar no segmento de gestão hospitalar, a Pixeon “triplica o mercado de atuação para R$ 1,5 bilhões”, antes os R$ 500 milhões anteriores.
A intenção da Pixeon é manter a Medicware como uma subsidiária, mantendo a marca e o portfólio “muito complementar”, conforme explica Cruz. Os antigos sócios da empresa adquirida continuam na operação, o que é “bem importante”, explica o CEO, uma vez que “o time é muito competente”. “O que muda é basicamente a gente ter uma boa oportunidade de expansão. A Pixeon está fazendo não só a aquisição, mas investimentos na expansão (…) e na melhoria dos produtos.”
O diretor comercial da MedicWare, Marcelo Kutter, também é otimista, e aposta no crescimento das duas empresas no setor de gestão de saúde. O objetivo é oferecer uma estrutura mais estável e confiável, diz.
Expectativa
Segundo Cruz, as aquisições e o crescimento estão acontecendo de forma estruturada desde novembro de 2011, quando a empresa recebeu um investimento da Intel Capital. O faturamento da empresa, diz, cresceu mais de 9 vezes e a quantidade de colaboradores saltou de 50 para mais de 400.
O executivo diz que a aquisição da Medicware e o aumento do portfólio transforma a Pixeon em uma “one stop shop software provider”, ou, em tradução livre, uma provedora de software única, com soluções que atendem a necessidade do cliente de saúde de fim a fim. O objetivo, diz, é em cinco anos alcançar o posto de maior empresa de softwares para a área da saúde do país.
“O que a gente quer ofertar para o cliente são vários produtos. Cada vez mais um hospital ou clínica quer ter um único fornecedor de sistemas”, conta Cruz. “A gente acredita que ter todas estas soluções vai facilitar nossa entrada no mercado. A empresa passa a ter um porte bem mais robusto, o que dá mais segurança de continuidade da empresa para os clientes. É uma empresa muito mais sólida.”
Detalhando a estratégia de portfólio da Pixeon: somados aos sistemas RIS (centros de imagem) e PACS (imagens digitais) já ofertados, entra o PEP (prontuário eletrônico), LIS (laboratórios) e HIS (hospitais), interoperáveis. Cruz acredita que a integração completa do novo portfólio deva ocorrer em 6 meses. O que não significa que o cliente que desejar múltiplos fornecedores será abandonado.
“A gente não vai obrigar o cliente a trocar”, diz Cruz. “Queremos ser uma escolha pela qualidade, não por obrigação. Acredito muito na integração de produtos e que o cliente tem que buscar o que é melhor pra ele. Essa é a filosofia da empresa.” Marcelo Vieira Leia mais em saudebusiness365 17/12/2014 – Blog FUSÕES & AQUISIÇÕES
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