Brazpeixes busca novo status para aquicultura

Mais nova fronteira do mercado brasileiro de proteína animal, a aquicultura não será mais a mesa em 2015. Em um lance ambicioso, o empresário gaúcho Lucas Zanchetta deu partida ao aguardado movimento de consolidação da indústria de pescados criados em cativeiro – sonho antigo do Ministério da Pesca para fazer do Brasil um grande exportador de pescados.

Fundada no ano passado por Zanchetta e seu sócio Gualtiero Picoli, a Brazpeixes Participações começou a tomar forma em setembro, com a compra da produtora de tilápias Zippy Alimentos. Até o fim do ano, serão mais duas aquisições – uma empresa de camarão e uma importadora de salmão. Ao todo, a Brazpeixes terá investido R$ 200 milhões nessas três aquisições, afirma Zanchetta, em entrevista ao Valor.

Com esses investimentos, a Brazpeixes ‘nasce’ como a maior empresa de aquicultura do país, com faturamento anual estimado em R$ 400 milhões. Mas os planos de Zanchetta vão além. “A Brazpeixes é o projeto mais ousado do país”, afirma o empresário.

Por ousadia, entenda-se a outra frente de investimento da Brazpeixes. Além das aquisições, a companhia já conta com mais cerca de R$ 100 milhões para serem investidos, sobretudo, na construção de um marca de industrializados à base de pescado, tais como nuggets e hambúrguer, para o varejo.

“Vamos construir uma marca sólida que vai ser a bandeira para várias culturas: tilápia, camarão, salmão, robalo, entre outros”, afirma Zanchetta, reconhecendo que o investimento “agressivo” em marketing poderá elevar os aportes inicialmente previstos.

Em seu projeto de vender produtos industrializados à base de peixes, a Brazpeixes já conta até mesmo uma unidade de processamento, em Indaiatuba (SP). Essa planta, aliás, é uma ‘herança’ da companhia que tornou Zanchetta mais conhecido. Além de comandar o projeto da Brazpeixes, Zancheta também preside a Brazcarnes, grupo que controla as redes de churrascarias Porcão e Vento Aragano, bem como também a fábrica de Indaiatuba.

Com a estruturação e os planos da Brazpeixes, porém, passou a fazer sentido transferir a fábrica de industrializados do guarda-chuva da Brazcarnes para a Brazpeixes, explica Zanchetta. Na unidade de Indaiatuba, a companhia será capaz de processar cerca de 1 milhão de toneladas de peixes por mês. O plano da Brazpeixes é processar peixes comprados de terceiros, já que a recém-adquirida Zippy terá outra função: produção de filé voltada à exportação.

A ofensiva da Brazpeixes no segmento de pescados industrializados não se restringirá ao Estado de São Paulo. O plano de Zancheta é construir a segunda fábrica de industrializados no ano de 2016, no interior do Rio de Janeiro. De acordo com o empresário, que afirma já ter discutido o projeto com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), o interior carioca também tem potencial para produção de pescados em cativeiro.

Mas, em que pese o otimismo de Zanchetta com o desenvolvimento do hábito de consumo de produtos industrializados à base de peixes e mesmo da venda de salmão e peixes exóticos com marca, a ‘espinha dorsal’ da Brazpeixes está na verticalização, ou seja, na presença da companhia desde a disseminação de genética. Por isso, iniciar a trajetória pela aquisição da Zippy foi fundamental.

Com sede no município paulista de Santa Clara D’Oeste, na divisa com o Estado do Mato Grosso do Sul, a Zippy é uma empresa de ciclo completo, que conta com um laboratório para a reprodução de “filhotes” de tilápia — os alevinos -, fábrica de ração, graxaria e frigorífico. A Zippy também tem a outorga de uma área da represa de Ilha Solteira, onde faz a engorda das tilápias. Segundo Zanchetta, a empresa recém-adquirida é a maior processadora de tilápias do país.

No pouco tempo de gestão da Zippy, a Brazpeixes redirecionou a produção da companhia para os EUA, por meio de contrato firmado com uma distribuidora americana. Com isso, a empresa se beneficia com a desvalorização do real e geração de crédito tributário. Atualmente, a Zippy processa 350 toneladas de tilápia por mês, produzindo 100 toneladas de filé. O volume é integralmente exportado aos EUA. Em seis meses, a Zippy dobrará sua produção e também voltará a vender no mercado brasileiro. Fonte: Luiz Henrique Mendes/ Valor Econômico Leia mais em Canaldoprodutor 06/11/2014

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